domingo, 8 de janeiro de 2012

AMOR DE MÃE QUE CURA



Meu nome é Antonia. Sou casada. Eu e meu esposo Itamar somos pastores de um grupo de casais em Fátima. Temos três filhos: Maria Tamara, de 15 anos, Maria Tamires, de 13 anos – ambas são do projeto juventude e participam do ministério de música – e o Gabriel, de 5 anos. 

Em agosto de 2009, tive uma grande experiência com a misericórdia de Deus. Minha filha mais velha, Tamara, estava ficando com a pele amarelada. Eu e meu esposo a levamos para um posto de saúde e pedimos exames de sangue. Quando levamos o resultado para o médico ver, ele disse que não passava de um pouco de anemia e não era nada grave. 

Porém, a cada dia ela foi ficando mais pálida, sem ânimo. Meu esposo e eu, muito preocupados, não sabíamos o que fazer, até que uma pessoa falou para nós que nossa filha parecia estar com hepatite. Fiquei com muito medo, pois não conhecia a doença e a Tamara não sentia dor alguma. Meu esposo a levou para a emergência. Foram feitos exames e foi constatado que a Tamara estava com hepatite muito avançada. O médico a encaminhou com urgência para o Hospital São José. Como não havia vaga, nós a levamos para o Hospital Geral. Deus já começou a agir. Ele colocou no meu coração para eu ligar para minha formadora comunitária (Simone), que falou com o doutor Roger, no hospital Valdemar de Alcântara. Antes de sair de casa, enquanto rezava, disse: “Senhor, a partir deste momento tu vais ser o médico da Tamara, e Nossa Senhora, a enfermeira”. 

Aconteceu tudo muito rápido, como se não desse tempo de fazer mais nada. Deus cuidou através do doutor Roger e minha filha foi encaminhada para o hospital Albert Sabin. Não havia vaga e ficamos esperando de oito da manhã até duas horas da tarde. Tudo isso aconteceu no dia 6 de agosto de 2009. Surgiu uma vaga. Ela ficou inicialmente em observação, fazendo exames para saber qual era o tipo de hepatite e assim, pudessem medicá-la. Ela chegou a tomar 3 bolsas de sangue em um só dia. Tomou vários tipos de remédio na veia quase que de duas em duas horas. Era muito sofrimento, tanto para ela como para nós. Ela entrou dia 6 e dia 13 já estava muito mal. Não andava mais sozinha, tínhamos que segurá-la. Dia 14 ela não comeu mais e já estava ficando toda dura e não conseguia fechar os olhos. Ela chegou a me pedir que não a deixasse dormir e começou a vomitar sangue. Fiquei desesperada e não entendia por que tudo isso estava acontecendo. Eu já estava perdendo a fé, pois a dor era tão grande que eu tinha a impressão de que Deus não me ouvia. Eu só escutava uma voz que dizia: “Sua filha vai morrer”. 

Noite escura da fé 

No dia seguinte, dia 15 de agosto às 8 horas da manhã, a Tamara já estava entrando em coma. O médico constatou que o fígado dela estava totalmente parado e que os outros órgãos estavam comprometidos, além de estar com um edema na cabeça; ou seja, ela estava quase morta. Foi o pior dia da minha vida. Os médicos disseram para mim e meu esposo que a Tamara teria no máximo uma semana de vida, que ela precisaria de um transplante urgente e teria que ser um fígado de adulto, porque ela estava muito inchada. 

À noite uma equipe de médicos do IJF e do hospital das Clínicas foi visitar a Tamara e falaram para o meu esposo que havia um possível doador. No entanto, a médica que estava de plantão disse que a minha filha estava muito mal e mesmo que aparecesse um fígado para ela, poderia não resistir, porque estava muito inchada e poderia sangrar até a morte. Então, comecei a querer perder a fé e não tinha coragem de entregar a minha filha a Deus, mesmo sabendo que tudo dependia somente dele. Uma irmã disse para eu chamar um padre para dar a unção dos enfermos a Tamara e eu liguei para o padre Denys. Quando saiu da UTI, o padre falou que só um milagre para salvar a Tamara. Enquanto isso, meus irmãos continuavam em oração. Mesmo com minha fé vacilando, nunca deixei um só dia de rezar o terço nem o ofício de Nossa Senhora. 
Fiquei um mês internada com a Tamara, mas nunca faltei a missa aos domingos. 

Oração e milagre 

Na segunda-feira, minha formadora pessoal foi rezar em mim e falou que muita gente estava rezando, mas que Deus ouvia mais a minha oração, que oração de mãe comovia o coração de Deus e que eu não tivesse medo de entregar minha filha a Ele. Eu recebi a visita de um padre redentorista que, para mim foi o próprio Deus me visitando. Com toda simplicidade e humildade, ele me abraçou e disse: “Reze na sua filha e não deixe que os médicos tirem sua esperança, pois Deus pode tudo”, e foi embora. Eu fui consolada, parei de chorar; a dor não passou, mas aliviou. Depois que o padre foi embora, entrei na UTI. Era 21h30 da noite e comecei a rezar na Tamara. Senti um grande medo. Foi como se eu sentisse a presença do inimigo para que eu não entregasse a minha filha nas mãos de Deus. Porém, comecei a pedir perdão a Deus por eu não ter confiado nele e fui renunciando tudo em nome de Jesus. Fiz uma oração de libertação na minha filha. Fiquei de nove da noite até três horas da manhã de pé rezando ao lado dela. Foi como se Deus tivesse tirado um peso enorme das minhas costas. Depois disso, Deus começou a realizar o grande milagre na vida da Tamara, porque eu tive a coragem de entregá-la nas mãos dele. 

Quando amanheceu o dia, na troca dos médicos , a médica que assumiu o plantão ficou muito feliz e falou para mim que a Tamara estava muito bem e que ela iria receber o transplante naquele dia. Outra médica disse que, mesmo que recebesse o fígado, ela poderia ficar com sequelas, como sem andar, sem falar ou surda. Mas ela não ficou, pois Deus não faz a obra pela metade, mas realiza um milagre por completo. Obrigado, meu Deus, por tanto amor e eu creio quando tu dizes: “Se creres na minha Palavra e não duvidares no coração, se salvará tu e tua casa”. É muito bom pertencer a Deus e à família Shalom. Agora posso dizer que fui provada, mas que sou muito amada por Deus. 

 Antonia Amoro da Silva Santiago, Consagrada da Comunidade de Aliança