terça-feira, 29 de junho de 2010

POR QUE DEUS ME ADVERTE?

Fui à Missa hoje, e deparei-me com a leitura da profecia de Amós… Só “pancada” em mim! Nesta passagem Deus fala algumas “doces” palavras… (risos) Vejamos: “por isso usarei o castigo por todas as vossas iniquidades”; “Eu arrasei-vos, como arrasei Sodoma e Gomorra”; “prepara-te, Israel, para ajustar contas com o teu Deus”.

Ao ler esta passagem, já comecei a ficar “baqueado”… Mas ainda tinha o Salmo Responsorial (Salmo 5), com outras frases permeadas de “suavidade” como, por exemplo: “Detestais o que pratica a iniquidade e destruís o mentiroso”.

Daí veio o Evangelho… Jesus que dorme na barca, os discípulos apavorados no meio da tempestade, e a agitação do mar que desaparece diante da autoridade da Palavra de Deus. Esta mesma Palavra que, no meio disso tudo, fala ao meu e ao seu coração: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?”

Bom… a Liturgia de hoje foi bem “generosa” em advertências!

Tenho vivido um tempo de sofrimento em minha vida. Um tempo de deserto, de podas, de cansaço em meio a tanta doação da própria saúde, do tempo, das minhas forças (as pessoas que estão mais próximas a mim, sabem bem do que estou falando!)

Hoje fui à Missa dizendo para o Senhor: “Acabe com todo este sofrimento! Já não estou aguentando mais! Me vejo sem forças, meu Deus!” Então pensei que iria receber, naquela Eucaristia, muitas palavras de consolação, de ânimo, para reavivar a minha fé etc e tal… E o que eu recebi? A-D-V-E-R-T-Ê-N-C-I-A-S

E isto é o que mais me encanta em Deus: os detalhes do Seu amor para conosco.

Ele adverte porque ama, porque nos quer santos. Deus anseia que sejamos pessoas melhores, gente de Deus! Hoje eu escuto o Senhor me chamar de “homem fraco na fé”. E é assim que eu me vejo: fraco, porém, dentro da MESMA barca que o meu Mestre. Estou no meio da tempestade da vida? Sim! Mas com aquela certeza de que o Senhor que aparentemente dorme, mais cedo ou mais tarde se levantará (dentro desta barca da minha existência) e colocará ordem em toda a agitação ao meu redor.

Peço que hoje você entenda que Deus não nos adverte porque é algo que Lhe dá prazer! Ele não nos “puxa as orelhas” porque sente alegria em mostrar nossas falhas e limites… Não. Deus é amor. E o amor sempre transforma.

Precisamos ser transformados. Não estamos prontos. Não somos perfeitos. Temos falhas. Trazemos “arestas” que necessitam ser aparadas. Daí a importância da advertência de Deus: ela toca em nossa ferida, mostrando com clareza onde há o egoísmo e o pecado em nosso coração. A advertência de Deus é este espelho “sem mancha” que revela como nos encontramos neste processo chamado conversão.

Termino com o mesmo sentimento do salmista que, em meio a tantas advertências da parte de Deus, soube acolher a grandeza deste amor que corrige ao afirmar no salmo de hoje: “Eu, porém, por vossa graça generosa, posso entrar em vossa casa. E, voltado reverente ao vosso templo, com respeito vos adoro”.

Que o Senhor nos conceda sempre um coração reverente a Deus! Qual tem sido a advertência d’Ele para a sua vida hoje? Não desanime diante desta advertência, pelo contrário, acolha-a como instrumento eficaz de cura e de transformação. Em Seus desígnios misteriosos, Deus fez da advertência uma espécie de “ingresso”, um autêntico “ticket” (esta graça generosa da qual fala o salmista) onde podemos entrar e caminhar com segurança na casa de Deus.

Permaneça na “barca”! OK?


Um abraço fraterno.

Alexandre - Com. Canção Nova


Fonte (texto e imagem): Alexandre