sábado, 17 de abril de 2010

LIDAR CONSIGO MESMO É UMA ARTE

Quando fazemos uma análise sobre os sofrimentos que assolam as pessoas de hoje, conseguimos perceber que muitos dos fantasmas que as amedrontam são, em grande parte, interiores. Muitas das enfermidades psíquicas e afetivas da atualidade, tais como a depressão e as síndromes do medo e do pânico, têm uma matriz estritamente interior e subjetiva.

Vivemos em uma sociedade extremamente exigente, na qual todos os dias somos cobrados e obrigados a nos posicionar frente a muitas realidades e desafios. O mercado de trabalho, nossos estudos, nossos relacionamentos, nossa maneira de compreender a vida, tudo isso precisa estar em constante atualização, pois, em todas essas instâncias somos diariamente exigidos em virtude de estarem em constante evolução.

A vida não pára e exige que a persigamos cotidianamente. A tais exigências se somam também as complexidades que trazemos em nossa história: nossos medos, carências, sentimentos de rejeição, frustrações, etc. Nessa combinação residem os elementos que fazem com que percamos o equilíbrio interior e nos desestruturemos como pessoas. O homem atual vive essa pressão e, em virtude disso, ele se constitue como um ser em constante tensão.

Vivemos acompanhados por essa constante tensão e para que tais realidades não estourem dentro de nós, precisamos saber administrá-las bem em nosso interior. A virtude reside no fato de sabermos bem digerir as tensões sem permitir que elas nos invadam e destruam. Quando não conseguimos administrar as exigências que sofremos e as marcas que trazemos, estas acabam se manifestando em nós na forma de enfermidades e desequilíbrios, os quais nos fazem perder o controle sobre nós mesmos.

“Lidar consigo mesmo é uma arte” que requer paciência, sensibilidade e, principalmente, uma pedagogia que somente Deus pode nos dar.

Muitas vezes, não conseguimos controlar o que pensamos e sentimos, e acabamos nos cobrando excessivamente por isso, causando assim uma profunda desarmonia interior. Existem momentos nos quais nos perdemos em nós mesmos… e não conseguimos dizer quem, de fato, somos nós.

Diante disso faz-se necessário a consciência de que quanto mais o homem mergulha em Deus, mais compreende e contempla a si mesmo.

É sob a ótica do Deus encarnado que conseguimos desvendar o mistério que somos nós. Impulsionados pelo Senhor conseguimos olhar nossa história e nossas raízes, para melhor compreendermos e trabalharmos nossas fragilidades e marcas. Não pode ter uma boa saúde interior quem não se assume e vive sempre fugindo do encontro consigo. Para conseguirmos bem lidar com nós mesmos é preciso que encaremos nossa verdade, – fazendo dela, em Deus –, o ponto de partida para a construção de um novo ser.

Submetamos ao Espírito Santo aquilo que somos e apreendamos d’Ele a pedagogia certa para bem nos trabalharmos e administrarmos nossos sentimentos, palavras, ações e escolhas.

Adriano Zandoná.