Foto:Wesley Almeida
Se não temos um lugar para voltar, não temos um lugar para fazer manutenção daquele ego que foi massageado [durante um show, uma apresentação]. A adrenalina humana é uma coisa difícil de baixar; muitas vezes, quando chego em casa, depois de show, eu preciso ler alguma coisa, porque a adrenalina demora a assentar. Nós nos expressamos de tal maneira que o nosso corpo conhece um pouco do êxtase e nós vamos ao ápice da expressão corporal. Para tudo isso baixar, nós temos que ter um lugar para voltar e entender quem somos, a quem pertencemos.
Nós somos artistas e não dá para negar. Não se acende uma vela para colocá-la embaixo da cama. Você foi chamado a um serviço dentro da Igreja, a um ministério de exposição. A arte que Deus colocou no seu coração, na sua alma, fará com que você esteja sempre exposto. Isto é uma grande responsabilidade para nós, porque não dá para fazer o que nós fazemos como dança, teatro e ficar escondidos. Por isso, precisamos trabalhar muito bem isso dentro de nós.
A nossa arte nos expõe constantemente, não somente agora que somos jovens, porque este foi o dom que Deus nos deu. Desde criança você já se expressava, já chamava a atenção dos adultos. Lembro-me de que o meu primeiro papel foi de representar um jacaré; ninguém vai se lembrar de quem era, mas se lembra do jacaré.
Muitos ainda pensam que a arte não é um trabalho e ainda nos perguntam: Você canta e trabalha em quê? Assuma, pois, de forma muito sadia, a arte é um trabalho digno.
Você foi retirada do meio de um grupo para ser diferente, para assumir um ministério dentro da Igreja. Deus escolheu você, a dedo, para realizar esta missão. Não dá para ser um artista com aparência de advogado, porque a postura do artista é diferente, tem seu estilo próprio, mas, muitas vezes, não entendemos isso. Por isso, a Palavra diz: “Mas não perturbes a música” (Eclo 32,5). Onde está escrito música, substitua por arte.
Nós somos totalmente sensíveis e movidos pela nossa sensibilidade, mas, às vezes, ela está desequilibrada. Somos de Deus e precisamos estar com a nossa sensibilidade equilibrada. Quem trabalha com a razão e com a lógica, tem a vida um pouco mais facilitada que a nossa. Quando eu, como homem, vou me expressar, não posso ser um bailarino fresco, não posso passar do ponto.
Como é lindo ver uma bailarina! Como é bonito ver um bailarino no ponto.
Nós precisamos de um lugar para voltar, porque chega uma hora em que as luzes se apagam. Para onde vou?
“Uma vez chegada a hora de se levantar, não te demores; sê o primeiro a correr para casa, onde te regozijarás com os divertimentos” (Eclo 32,15). Esta casa é também uma família, onde as pessoas podem olhar você nos olhos, chamá-lo pelo nome e saber que você chora, que tem fraquezas.
A Palavra é clara: “Quando chegar a hora, não te demores”. Eu preciso ter um lugar para voltar. E você, tem um lugar para voltar?
Faça sempre essa matemática: acabou, volte para casa, volte a ser gente.
Dunga
Comunidade Canção Nova
Fonte: http://blog.cancaonova.com/vidanova/category/artigos-musicos/Foto:Wesley Almeida